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25/08/2006
A Psique Humana – Parte 24

Vamos para mais um caso que, se não tivesse tido conseqüências lamentáveis, teria sido engraçado. Este, não envolveu pessoas dadas aos delírios crônicos, mas, elas eram também, ou ainda são, membros de uma dessas organizações que, estivemos comentando nas últimas partes anteriores deste tema. Solteiro e na maturidade dos cinqüenta anos, esse nosso primeiro personagem, levava muito a sério os seus estudos para desenvolvimento mental e espiritual. Sempre, antes de sair de casa para o trabalho ou para qualquer outro compromisso, ele, crédulo no poder de alguns exercícios “mágicos” aprendidos durante seu noviciado na organização, acreditava na eficácia deles como sendo protetores para a sua segurança em seu dia-a-dia. Num dia, quando ele estava em seu automóvel e com sua mãe ao lado, de dentro de um outro automóvel que passou por eles, um inconseqüente deu-lhes um tiro com revolver. Mesmo atingido no peito com uma bala, o nosso “sempre protegido” conseguiu continuar dirigindo seu carro até um hospital para ser socorrido.

Depois de restabelecido, o nosso primeiro personagem desta história, voltou ao convívio com seus iguais, no local de seus encontros semanais. Lá, ao contar sobre aquele incidente que poderia ter-lhe sido fatal, um médico (o segundo personagem desta história) também pertencente à mesma organização, depois de ouvi-lo em sua narrativa, fez-lhe uma crítica: “Isso aconteceu com você porque, não estavas harmonizado. Como pode um membro tão antigo se deixar desarmonizar?” Explicando, estar harmonizado é estar em sintonia com os poderes cósmicos e para isso, vários exercícios são recomendados, como por exemplo, a meditação. O médico era uma pessoa proeminente naquela organização. Nela, já tinha tido um cargo relevante e continuava cooperando com ela, com suas palestras sobre saúde.

Pouco tempo passou, e num dia, o médico estava com a sua família numa muito conhecida cidade praiana. Bandidos armados invadiram aquela sua casa e um filho do médico esboçou reação de defesa. Um dos bandidos efetuou um disparo com sua arma de fogo e o projétil penetrou na cabeça do médico. Ele não morreu e, além disso, por uns dois anos, pouco se soube da conseqüência daquele fato lamentável, bem como, quase nada da seqüência de sua vida após o abalo físico que sofreu. Numa notícia recente, soube-se que o médico se restabeleceu, continua como membro ativo da organização e está voltando com suas atividades cooperadoras.

Dessas duas histórias quando, duas pessoas sofreram um atentado contra suas vidas, conclui-se que, os protegidos ou desprotegidos por poderes transcendentais, os harmonizados ou desarmonizados com os tais poderes, eles, não se diferenciam nas sempre possíveis fatalidades contra suas vidas. As fatalidades não sabem e nem querem saber se suas vítimas têm alguma proteção extracorpórea ou se são harmonizadas com o cósmico e, sendo assim, possam livrar-se delas. Mesmo as crianças, antigamente tidas como anjos e protegidas por Deus, sabe-se hoje, nem elas escapam das fatalidades. A vida sempre mostra suas realidades, mesmo inutilmente, porque, muitos persistem ainda em se iludirem nessas utopias que suas psiques absorvem e vivem na superstição de possuírem uma proteção especial.

Altino Olímpio