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09/05/2006
Nossos Segredos - Parte 2

Muitos quando estão reunidos em seus momentos solenes, quando, na ocasião são considerados sagrados, eles, se deixam divagar por pensamentos outros, alheios, diferentes e até mesmo incompatíveis com os pensamentos que a ocasião exige. Se pudéssemos “ver” seus pensamentos, veríamos a “seriedade” deles, aquela que eles demonstram ter no meio em que se encontram. Essa hipocrisia de comportamento dificulta-os se fanatizarem e serem muito massificados, entretanto, é o segredo deles protegendo suas aparências de irmanados nos mesmos ideais.

Entre amigos, para mantê-los como tais, muitos, em seus segredos, escondem suas opiniões sobre suas condutas consideradas impróprias. Escutam suas confidências sem quaisquer admoestações como que, sendo simpatizantes com elas. Não revelam o despudor que possam sentir ao ouvirem o que seriam indecências de atitudes. Em suas consciências, muitos sentem reprovação pelos comportamentos indignos de seus “amigos” mas, preferem manter a reprovação como segredo. É, se alguns amigos conseguissem “escutar” os pensamentos de seus amigos, eles deixariam de ser amigos e a falsidade entre ambos morreria.

O relacionamento entre parentes, na ocasião em que por “obrigação” se encontram, muitos segredos de animosidade são lembrados e muito bem disfarçados para o bem comum da circunstância. Aquele “vai me visitar” já pensando “vai não” é comum. As formalidades sempre estão a mascarar os nossos segredos de incompatibilidade, quando não somos autênticos no que falamos sendo contrário ao que pensamos.

No lar, quando existe muita discórdia entre seus integrantes, principalmente nestes dias tão conturbados por tão falsos valores, as desavenças familiares podem produzir um sentimento de ódio momentâneo que precisa mesmo ficar em segredo naquele que o sentiu por quem só poderia ou deveria amar. Aquele que sentiu ódio, nem mesmo ele acreditou nessa possibilidade. Seu arrependimento ou remorso por tê-lo sentido contra quem pensa que jamais poderia sentir, talvez o pensando como um pecado inadmissível, irá ser seu segredo. O mesmo não é compatível com o que se espera de um ser humano, integrante de uma família, ela sendo o principal padrão donde deriva o amor entre as pessoas.

Esses poucos exemplos podem ser insuficientes ou considerados despropositais para este assunto em questão, porém, poderão provocar pensamentos se temos ou não os “nossos segredos” quando falamos que não os temos por sermos “um livro aberto”. Se todos os segredos escondidos nos pensamentos de todos os habitantes deste mundo viessem a ser desvelados ou desvendados, causariam dúvidas se de fato somos os seres humanos, aqueles do “Ápice da Criação” tão falado e divulgado. Se, ao ser humano fosse dada à faculdade de ler pensamentos, mama mia, ficaríamos sozinhos e sempre chorando. Talvez nem encontrássemos alguém para amar e muito menos para se casar. Ficaríamos tolhidos numa caverna, só suportando os nossos segredos, suficientes demais para o desconforto da nossa mental evolução humana.


Altino Olímpio