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10/04/2006
Curtinha Nº 3

Um amigo contou uma história sobre uma família de uma cidade do interior paulista. Vários anos se passaram e ele ainda retém na memória a tristeza que tomou conta do casal amigo daquela cidade, quando lá ele esteve.
O casal do interior se divertiu com as brincadeiras do amigo com a esposa e com as brincadeiras dirigidas para a filha adotiva, criança ainda.
Quando o homem da casa disse estar simpatizado com aquelas brincadeiras atenciosas com a menina, o visitante respondeu-lhe para também se preparar, pois, o mesmo teria que fazer com seus netos.
Uma inexplicável tristeza invadiu o ambiente e um marejar de olhos foi notado. “Embora pai de dois filhos, nunca terei netos, nunca serei avô”, explicou o homem.
“Meu filho é homossexual e minha filha também. Encerrei os negócios que tinha numa cidadezinha perto daqui, construí esta casa bem grande, ---uma mansão é o que dizem--- mas, nela nunca ouviremos risos e algazarra de crianças”.

O tempo passou e a menina que junto com seus pais adotivos esteve naquela visita cresceu, e quando se tornou mocinha, ela foi assassinada. Seus pais têm netos provenientes de outros dois filhos seus.
Lá daquela casa da cidade do interior, a esposa está esclerosada e o marido também está doente. O filho que tem preferência por homem e a filha que tem preferência por mulher, continuam na mansão sendo filhos sem filhos.
Está parecendo uma “maravilhosa novela” da Rede Globo, mas, não é. Essa circunstância estanca futuro de descendentes, para muitos é uma contrariedade muito triste e hoje o casal que escapa dela, é como ganhar um polpudo prêmio da loteria. Puxa-vida! Nem é preciso tanto exagero. Afinal, quem é o que é, é feliz como é e só é infeliz quem não é como o outro é querendo-o como infeliz ele é porque o que ele é, é o que de fato é e não o que o outro é. Chega!


Altino Olímpio