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03/10/05
Teste mostra eficácia de droga a base de erva chinesa contra malária

Um surto de malária teve um efeito devastador na província sul-africana de KwaZulu-Natal em 2000, deixando 42.000 pessoas doentes e matando 340 o maior número de vítimas da doença no local em décadas. Velhos remédios não funcionavam mais, de modo que as autoridades de saúde locais tentaram algo novo. Para matar os mosquitos e carregam a doença, eles borrifaram o DDT, pesticida proibido no Brasil e na maioria dos demais países, nos pequenos pântanos da região. Também distribuíram um novo tipo de droga para a malaria, à base de um milenar remédio, herbal chinês. O esforço em duas frentes teve um efeito extraordinário. Infecções e morte pó malaria despencaram 96% num período de três anos. Um subdistrito da região poupou US$ 200.000 ao longo de um ano, porque suas e hospitais tinham de tratar menos pacientes de malaria. Os turistas, antes receosos, retornaram em números cada vez maiores às famosas reservas de caça da região. O sucesso de KwaZulu- Natal em quase eliminar a malaria de uma área do tamanho de Santa Catarina é o primeiro grande exemplo de como a artemisina, uma droga de origem chinesa, junto com os métodos de prevenção como o uso do DDT, pode ajudar a destruir o parasita causador da malaria na África. Ele sugere que, pela primeira em décadas, a África tem uma chance real de virar a maré contra a doença. Os detalhes do projeto sul-africano serão publicados amanha na Public Library of Science Medicine, uma publicação cientifica online. "É um guia para o que os outros estão tentando fazer", diz Karen Barnes, principal autora do estudo e professora assistente da universidade do Cabo, que supervisionou a avaliação do projeto de KwaZulu-Natal. Piero Olliaro, um especialista em malaria da Organização Mundial de Saúde, acrescenta: "Isso é importante porque as pessoas querem evidencias da África rural" de que drogas baseadas na artemisina vão funcionar. Por motivos éticos, o estudo não usou grupo de controle para isolar os efeitos da artemisina dos DDT. Mas entre as pessoas infectadas em KwaZulu-Natal, a artemisina teve um índice de cura notável: 95% ou mais. Diferentemente de outras drogas para a malaria, ela erradica completamente a doença da corrente sanguínea, de modo que pacientes tratados com ela não espalhar o parasita para outros por meio de mosquitos. Barnes e seus colegas sul-africanos superaram varias adversidades para conseguir sua vitória contra a malaria. Autoridades sul-africanas e médicos locais tiveram de ser persuadidos a rapidamente adotar um regime de tratamento totalmente novo. Barnes lembra que ela e representantes da Médicos Sem Fronteiras viajaram a Basiléia, na Suíça, como parte de um esforço para pressionar a Novartis AG a cortar o preço de sua droga à base de artemisina, o Coartem, de US$ 10 para cerca de US$ 4 tratamento. "Tivemos de fazer pressão por tudo", diz Barnes. A artemisina é derivada de uma espécie de artemísia usada para tratar febre na China desde tempos ancestrais. A artemísia age como uma bomba: quando encontra malaria no sangue, explode liberando toxinas letais que destroem o parasita. A droga não parece ter grandes efeitos colaterais e os pacientes até agora exibem poucos sinais de resistência.

O Estado de São Paulo