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11/01/06
Mais um ano

Mais um ano terminou e as esperanças se renovam sempre para um ano novo melhor. Nós somos passageiros de um trem chamado tempo e ele nos despeja quando e onde quiser. Neste ano passado, quantos foram despejados?

Quando ainda passageiros não detinham ainda suas responsabilidades?

Entretanto, o trem desembarcou-os na Estação Esquecimento. O trem do tempo da vida é indiferente pelos deveres e responsabilidades de seus passageiros e sendo assim, desembarcou-as juntamente com seus donos.

A vida e o tempo são uma continuidade interminável e parecem paralisar quando se embutem no homem.

O trem da vida percorrendo os trilhos pelas rodas do tempo tendo como destino o futuro, jamais retorna para uma estação já ultrapassada. Somente nós vivemos nalguma estação por um tempo desconhecido, quando parecemos estancar a vida e o tempo na nossa memória numa vida e num tempo particulares naquele sermos individualidades desde nosso nascimento até a morte.

 

Toda nossa existência se resume naquela parada rápida do trem nas nossas estações. Pode ser rápida de poucos ou no máximo até uns cem anos, quando anuncia sua despedida num apito de adeus. Ele, prosseguindo por desbravar futuros e nos deixando desaparecidos de nosso presente acumulativo de todo nosso passado. O trem do tempo da vida nenhum pouco se importa com as realizações efêmeras dos passageiros iludidos da vida e do tempo rápido das paradas das estações. Suas vidas circunscritas pelas ambientações e circunstâncias de suas estações são suas realidades estancadas sem o saber delas serem idealizações de seus sonhos de quando acordados.

 

Hoje, nós estamos num presente onde não estão todos aqueles desembarcados antes de nós pelo trem expresso de suas anteriores vidas e nós temporariamente somos seus futuros para também não sermos futuro dos outros do porvir.

Passado, presente e futuro só são pertinentes ao período da parada do trem na nossa estação até seu apito de partida quando ele atropela essa nossa divisão de  vida em tempo, como se vida e tempo nos pertencessem, mas, sendo o contrário, nós existimos nela pelo passar dele até a dissolução.

 

Mais um ano se passou. Com o bilhete de passagem que todos temos, onde e quando o trem do tempo de vida nos vai desembarcar? Sempre é num momento inesperado sem podermos levar nossa bagagem. Ela ficará por aqui para ser dividida entre outros, ou, dependendo de como seja nossa bagagem, talvez, ninguém a queira e nossa vida terá sido em vão, principalmente se nossas riquezas tenham sido de valores incompatíveis com o mundo material.

Quando nosso trem parar na estação determinada pelo bilhete de nossa passagem, não haverá tempo para despedidas por não sabermos termos chegado na Estação Fim.   

 


Altino Olímpio