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11/01/06
Nada a fazer, então?

Um filósofo (Voltaire?) inventou uma brincadeira muito séria, esta que vamos contar:

Era uma vez, um homem tinha duas filhas. Uma se chamava Verdade e a outra se chamava Justiça. Coitadas, morreram solteironas porque nunca foram desejadas. As duas irmãs até foram odiadas. Se tivessem sido destes nossos dias e se chamassem  Mentira e Sacanagem, seriam desejadas e amadas até a morte.

 

Num livro de 1927 de Renato Kehl intitulado “TIPOS VULGARES”, no tema CRENTES E CRÉDULOS encontra-se o seguinte: “A treva gera o medo; o medo gera deuses e os diabos, que por sua vez geram as religiões.             Ass. Monteiro Lobato”.

 

Na página 93 temos um pensador moderno, referindo-se aos fervorosos que proclamam superioridade: “De qualquer forma e em última análise, a crença religiosa, seja qual for, constitui a renúncia da própria razão. Para os que crêem em coisas do outro mundo, influências insignificantes de caráter afetivo  basta para que se tornem cristãos, budistas, espiritistas”.

Nós, seres humanos, somos o que somos conforme sejam os conceitos que temos. Tudo o que existe e também até o que não existe, se conceituarmos terão existência dentro de nós. Quem acredita em demônio é porque, tem ele dentro de si conceituado, está explicado.

 

Deixando o livro de lado, nós já ouvimos que quase todas as religiões estão de acordo e dizem que o sofrimento é considerado parte da sorte de todo ser humano. Não pode haver vida sem sofrimento, dizem elas, e até consideram como sinônimos, vida e sofrimento.

Se vida existe, sofrimento também existe. Existiria sofrimento sem existirem vidas conscientes que pudessem identificá-lo, compreendê-lo? Se sem vida sofrimento não existe, então, é a vida que dá vida ao sofrimento. Não sendo difícil imaginar o mundo despovoado de seres humanos, nele contendo apenas mares, rios, montanhas, florestas, na imaginação seríamos capazes de conceituarmos algum sofrimento no mundo?

Pois é! Se  neste mundo são os seres humanos que criam os sofrimentos para si mesmos e para os outros, então... Quanto mais afastados deles muito melhor.

 

Alguém, não lembro quem, escreveu: “Essa pausa na eternidade é quando estamos restritos ao universo físico, nossos corpos. Portanto, é uma pausa relativa à nossa experiência total na eternidade, aquela outra fase de nossa existência na qual não somos entidades físicas. Nesse sentido, transição ---morte--- é a mudança da eternidade não física da eternidade para uma entidade física neste mundo material. E novamente é transição quando saímos do estado físico para voltarmos ao estado não físico da eternidade”.

Maravilha se parasse por aqui, tudo bem! Mas não! Existem imbecis que gostam de lotear a eternidade, colocando cada um num terreno que merece nas proximidades de um Divino. Só que, na eternidade do universo, um lugar qualquer não existe, nem como referência para situar um outro local. Lá, ao mesmo tempo tudo está e não está.

Tudo é movimento constante nunca permitindo existir um lugar constante.

Essas manias humanas são tão engraçadas e tornam nosso mundo mais alegre, ainda bem!

 


Altino Olímpio