O ser humano é conforme sejam seus conceitos adquiridos.
Que são conceitos? Tudo o que compreendemos e denominamos, são
conceitos.
Ao ouvirmos a palavra sapato, sabemos o que é e até a imagem de
um sapato surge na mente. Quando ouvimos uma palavra estranha para nós,
não sabendo o que ela significa, não a entendemos e nenhuma imagem
correspondente surge na imaginação. Assim, não existe conceituação.
Que dizer dos conceitos abstratos?
Abstrato é aquilo que só “existe” como idéia,
ainda sem confirmação ou comprovação.
O falar, o repassar dele à outra pessoa, é impossível porque,
não provoca concatenações iguais em pessoas diferentemente
conceituadas ou condicionadas. Cada um reage conforme tenha sido “programado”
durante sua vida. Imaginem só, discorrer sobre uma abstração
com uma pessoa que só se dedica a ouvir assuntos sobre esporte, política,
notícias do cotidiano, e muitas outras trivialidades. Ela não
conseguiria ouvir e tudo faria para mudar de assunto, para o dela, quando ficaria
mais à vontade. Abstrações particulares, melhor seriam
se não fossem transferidas antes de serem transformadas em realidades
práticas, conquanto sejam possíveis para isso. O que o homem não
conceitua, não compreende, para ele não é importante e
nem existe até que venha a conceituar, compreender o valor que tem para
sua vida. Repetindo, o que o homem não consegue conceituar é abstração.
A palavra “Deus” cria o mesmo conceito para todos que a escutam?
Sabemos que não, Deus é inconceituável, portanto, é
abstração. Porém, existe na intelectualidade como imaginação,
como acreditam que Ele seja e isso foi mundialmente transpassado.
De um ancião que tomava conta de todos e do mundo, Ele progrediu para
ser a Força ou Energia que a tudo permeia. Mas, pergunta-se: que força,
que energia? Alguém sabe como conceituá-las? Se a resposta for
não, então, continuamos nas abstrações.
“Ele é o universo todo” dizem outros. Sim, mas é infinito
e transcendental para nossa consciência, portanto, continua abstrato.
Este assunto “tabu” é considerado blasfêmia por muitos
que se utilizam com abstrações para influenciarem outros, como,
também é blasfêmia para os seus influenciados.
Aliás, hoje em dia, poucos conseguem se definirem sobre o que seja abstração
ou realidade, visto que, diariamente somos massacrados com “idéias”
que estão aquéns de suas manifestações neste mundo
objetivo e talvez, muito mais no mundo do além.
Se cada um só vivesse com o que conseguisse conceituar, seu viver seria
mais fácil e desempregaria os sugestionadores que ocupam altos cargos
de intermediários entre as abstrações e as realidades,
que nem eles as entendem porque nada são diferenciáveis dos seus
sugestionados.
Alguém do passado já disse: “Vigiai, Vigiai Sempre”.
Quando alguém falar sobre algo que vai contra as leis cósmicas,
ou mesmo, contra as leis da natureza, sempre se deve desconfiar. O algo falado
é exeqüível? Já foi comprovado por alguém?
O algo falado derivou-se de alguma abstração que, difundiu-se
pela humanidade tornando-se uma verdade auto-evidente? Cuidado com essas “verdades”
porque o tempo já diluiu muitas delas e quem persiste em mantê-las
poderá ter dificuldade em substituí-las por outras mais atualizadas,
se não morrer primeiro, o que, é o mais provável que aconteça.
Quem convive “com os pés no chão” dificilmente se
decepciona.
Conceitos... são só o que somos. Sem eles nada somos.