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21/11/05
Viver é pensar ou apenas... existir

Toda nossa formação corporal tem como propósito, culminar para a existência de nossos pensamentos, com os quais, somos individualidades.
Eles são responsáveis pelo nosso sucesso ou insucesso na vida.
Pensamentos podem ser mais claros quando são dissociados das informações inúteis à que estamos sujeitos.
O sentir-se bem informado de muitos, muito de a ver com cultura inútil.
Tais informações, e são tantas que, roubam nossos pensamentos para elas, tornando-nos desfocalizados de nós próprios.
Uma tendência do pensamento é ele entreter-se com banalidades.
Pessoas banais, parece que conseguem bloquear nossa mente quando tentamos explicar-lhes algo.
Nossa memória recusa-se a formular pensamentos para a circunstancia.
É quando dizemos: puxa-vida me deu um branco!
Diferente, com pessoas incomuns, ela parecem facilitar nossos pensamentos para qualquer assunto.
Na privacidade, nossos pensamentos indicam se estamos bem ou não.
Se concentrados em preocupações e se são elas desagradáveis, então, não estamos bem.
Às vezes sem sabermos, uma disfunção entre nossas glândulas endócrinas, causam mal estar, impaciência e indisposição. Com a volta da normalidade, e isso só podemos esperar, a gente se acalma.
Existem antídotos contra as contrariedades: devaneios e abstrações.
O transporte - para quem quiser - é a imaginação. Nela, longe de sermos um Julio Verne, bem que podemos ter nossas aventuras. Só que, não devemos sempre estar nesse caminho da subjetividade.
Pensamento desatento ao tempo é o que o torna relativo. Quando somos demorado raciocínio para alguma solução, o tempo é rápido e transcorre sem o percebemos. É lerdo demais quando com impaciência, aguardamos por um fato que ocorrerá que queremos.
No sono, uma aventura que dura segundos, na “vida real” consumiria horas ou dias, se possível levá-la à prática.
Rapidez de sonho é o original estado alterado de consciência, cuja velocidade de “acontecimentos” o cérebro consegue produzir, desconectado da razão de quando estamos despertos.
Mais somos dominados pelo pensamento do que ele por nós. Inverter as posições seria uma importante conquista humana.
Seria preciso desprogramar o cérebro do vicio de nos provocar distrações, principalmente aquelas alheias às circunstancias outras, importantes.
Dificultar o entreter-se da mente com tudo o que é obvio, fútil, inútil, facilita-nos impor-lhe algum controle.
O cérebro, descongestionado desses empecilhos que mantém a mente ociosa, ele torna-se mais receptivo das impressões que surgem do subconsciente, entendidas como palpites, intuição e inspiração, embora, sendo mais habituais entre escritores, poetas, filósofos e mestres da musica.
Nós somos constituídos, conforme nosso pensamento seja compatível com as manifestações ou efeitos da natureza. Os efeitos (energia em repouso que se chama matéria, dito assim pelos cientistas) podemos moldá-los, combiná-los, transformá-los em nosso beneficio, conquanto sejam nossas necessidades. Para isto, o pensamento é muito atuante.
Para consecuções que estão além ou aquém de nossas possibilidades mentais, o homem inventou a inteligência artificial - o computador.
Comparando-se com ele, o homem é lento demais.
Sabe-se que, por meios artificiais não recomendáveis, pode-se induzir a estados alterados de consciência.
Quando por minuto, muitos e muitos pensamentos desconexos, surgem na mente de quem os recebe em tal circunstância.
O que isso vem a revelar?
Que com estimulante, o cérebro produz ou reproduz com muito mais rapidez, uma seqüência ininterrupta de pensamentos, todos eles, diferentes entre si.
Surge um pensamento já desaparecendo com o próximo que chega que desaparece com a chegada de outro, e assim sucessivamente.
Surpresa com o inesperado, desacostumada, despreparada para a circunstancia, lenta então, a consciência não consegue se fixar em nenhum dos pensamentos que, velozmente desfilam, perpassam pelo cérebro.
O fluxo de pensamentos é completamente autônomo e jorra sem que a consciência possa exercer-lhe controle, nem mesmo escolher um pensamento para nele demorar-se mais.
O “eu sou” ou “quem sou eu” (a individualidade) desaparece, demora para reaparecer, isso, quando o faz.
Parece que morre, ressuscita, se refaz já se desfazendo num se ser nada, no nada que é o contraste do só existirem pensamentos, eles só sendo eles e nada mais sendo, no vazio do eu, que, não mais se sabe nem se encontra.
Alterado em seu processo de funcionamento, deduz-se que do subconsciente ou do arquivo da memória, o cérebro “puxa” para si, da existência até o então desta circunstancia em questão, fatos, visões e audições, inclusive as tidas como esquecidas ou despercebidas.
Sem ordem cronológica, o cérebro tudo projeta para o presenciar da mente, como se fosse um cinema, na rapidez seqüencial, como já foi dito.
No livro As Portas da Percepção (Editora Globo) o escritor Aldous Huxley tem uma explicação interessante sobre o surgimento de pensamentos ou impressões. Disse que cada um de nós possui, em potencial, a onisciência.
O cérebro seria uma espécie de válvula redutora ou reguladora, para conter a enxurrada da onisciência, deixando só passar pela “válvula” o que for útil e prático para nossa existência. Sob o efeito de estimulante, o cérebro seria um abrir válvula para recepções mentais desprovidas de utilidade biológica.
Aqui, a explicação incide em percepções provindas de fora de nós.
Naquela circunstancia anterior, deduziu-se que as percepções são provenientes de dentro de nós.
Das duas opções, qual seria a mais coerente? Será que ambas são coerentes e se interpenetram para manifestação na mente?
Pelo exposto, pode-se concluir que o cérebro humano possui muito mais possibilidades, das quais, nem imaginamos.
Num turismo pela utopia, na espécie humana, o desenvolvimento de sua evolução poderá desabrochar numa mente bem mais abrangente que, simultânea com as impressões, será instantânea no equacionar delas, isso se não forem transcendentais, há sempre combustível desafio para o desenvolvimento humano.
Vestígio de tal evolução percebemos nas muitas crianças desta época, que, se comparadas às crianças que fomos, são mais intelectualmente capacitadas.
Agora, para uma homenagem ao pensamento e aos pensadores, são propícias as palavras de um escritor e sacerdote francês, Ernest Dimnet: “A insônia, antes de acabar em exaustão, produz em geral uma lucidez que nem a mais demorada meditação pode substituir”.
Pessoas “instruídas”, algumas delas ao lerem sobre um tema, tornam-se incoerentes quando transferem para o autor, como sendo características dele, as experiências narradas.
Isso nem sempre é verdade.
Esquecem ou não sabem que, aqueles que sabem, de um ponto fazem um conto.

Altino Olímpio