Brincando ou não você me escreveu dizendo que fui mimada só por causa da crônica do Jardim da Infância. Mas não fui tão mimada assim. Só um pouco! Mas, na minha casa, num quarto tinha também uma cama de solteiro com colchão de palha de milho. Acho que era do meu pai antes de casar com a minha mãe. Eu e minhas irmãs brincávamos muito neste quarto e me lembro que subíamos naquele colchão com as nossas bonecas. Ele só não era “mijado”, mas era fofão e fazia um barulho danado! Mas pra você não achar que só tive modernidade, leia abaixo:
--tomei banho de bacião de alumínio.
--dormia num colchão de paina (sabe o que é?)
-- travesseiro de pena de galinha que às vezes me espetava o rosto
--tive acolchoado de retalho (às vezes ficava um trapo só)
--comia carne de pato, "matado" em casa que ficava estrebuchado na porta da cozinha com o pescoço destroncado até ser depenado e assado.
--Antes de dormir tomava mingau de leite com farinha de milho
-- meu uniforme escolar era engomado com maizena porque nem sempre o dinheiro dava pra comprar a goma do mercado
--Levava pão com ovo frito de lanche e suco de limão vinagre que havia no quintal. Quando ia lanchar o ovo estava murcho, o pão ensebado de óleo e a limonada amarga. Ai, “passei” a levar ovo cozido e café com leite, às vezes chocolate toddy.
--E à noite o exuberante pinico debaixo da cama, porque o banheiro era do lado de fora da casa.
Se fui mimada o fui por carinho e consideração por pessoas para sempre tidas com gratidão em meu âmago. Você também deve ter passado sua infância em condições iguais e talvez, feliz por isso tenha desenvolvido essa tua maneira de ser brincalhão. Isso é fácil notar em suas manifestações.
Fátima Chiati