Os Pastros da Vila Nova
O Estanguelão gosta de histórias do passado contendo nomes porque considera este seu jornal como sendo um museuletrato de personagens antigas a serem relembradas pelo povo local. Antigamente as pessoas se destacavam tornando-se mais conhecidas e não como hoje no “cada um na sua” mais parecendo ser invisíveis ou anônimas. Da antiga Vila Nova do Bairro da Fábrica, os “pais de família”, quase todos já partiram e não se sabe se já chegaram. Nosso foco aqui mais é sobre a família de Antonio Pastro e Maria da Silva Pastro. Seus filhos são a Cida (Aparecida), a Nena (Rosalina) e o caçulinha Antonio Maximo Pastro. Este, por longo tempo manteve uma oficina para automóveis perto de um local chamado “pau de amarrá égua”. Nessa época já havia pessoas que não respeitavam o próximo. O primo Zinho (José Olimpio) chamava o Maximo de Sebaria, outros o chamavam de manópola. Quanta maldade. Eu ainda só o chamo de bexiga gigante. Os irmãos se casaram. A Nena e a Cida continuaram morando em Caieiras e o Maximo veio para o Bairro de Perus, local este de pessoas mais evoluídas e bonitas. Meus conhecimentos sobre as mulheres, em parte os devo ao Antonio Pastro e explico. Quando aos quatorze anos de idade já estava a trabalhar no laboratório da Cia. Melhoramentos seriamente solicitaram-me ir até o escritório dos contramestres para pedir emprestado o prumo de pelo. Contramestres eram aqueles que não gostavam de mestres, até batiam em professores por serem mestres do ensino. Para ir até lá tinha que passar por onde trabalhava o Senhor Alberto Olimpio, apesar de já bem “maduro” era amigão meu. Falei-lhe aonde ia e o que ia buscar. Ele ficou bravo e falou “moleque bobo, prumo de pelo não existe, vai nada”. Ah é... Pensei. Aqueles sacanas do laboratório vão ver. Não volto pra lá agora, vou fazer uma horinha passeando lá na fabricação de papel... Lá lá lá, lari lalá ririri. Quando voltei sem o prumo de pelo falei que não o trouxe, pois, como fui informado, o mesmo estava sendo vaselineizado lá na farmácia. Um sacana sorriu para o outro e não falaram nada. Noutra ocasião voltei para a sala dos contramestres onde trabalhavam os senhores Aníbal Maziviero, Américo Zanon, Antonio Pastro, Augusto Satrapa, Constantino Toigo, José Lopes (Iéca), Mario Constantini e Nine Julian. Presentes na sala estavam o Antonio Pastro, o Iéca e outro. Antonio perguntou se eu já tinha visto uma xoxa e se sabia como ela era, e quantos orifícios ela tinha. Como iria saber se naqueles tempos nem os casados conseguiam ver? Respondi nunca ter visto xoxa grande e talvez tivesse dois orifícios. Eles se arreganharam em gargalhadas, o Iéca muito mais que os outros dois e até caiu o charuto da boca dele. Que “fios da mãe” rindo da inocência de um menino ainda tão puro como eu era. O Antonio Pastro me vendo ficar corado de vergonha naquele sem saber onde “enfiar a cara”, talvez se condoendo, ele desenhou num papel uma xoxa e explicou o que dela eu não sabia. Isso foi bom e como já expus, devo a ele esse meu primeiro aprendizado de anatomia. Solícitas e solidárias eram as pessoas de outrora em transpassar conhecimentos úteis. Se fechar os olhos posso “ver” a casa onde morou o Sr. Antonio Pastro e família tendo de um lado o vizinho Sr. José Carezzato e do outro o Sr. Pedro Caldo. Agora cantemos irmãos: “Que diferença da mulher o homem tem espera ai que eu vou dizer meu bem. É que o homem tem pelo no peito, tem um queixo cabeludo e a mulher não tem. Que diferença da mulher o homem tem, é que ele tem um toco e a mulher não tem. Que diferença da mulher...”
Altino Olympio