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19/05/2011
Pirapora

 Pirapora de quem adora

Dias após a “Semana Santa” o Edson Prando, nativo de Caieiras convidou-me para um passeio até a cidadezinha de Pirapora. Melhor lugar para avaliarmos nossa rara evolução, psicológica e espiritual. A cidadezinha, aliás, muito perfumada por shampoo (xampu) misturado nas águas do Rio Tietê, situa-se logo depois da Cidade de Parnaíba. Nesta, estão às raízes do Estanguelão, o proprietário deste jornal. Sim, sua avó materna nasceu e morou lá até quando a conquistando, um motoqueiro italiano trouxe-a para cá. Pirapora foi e ainda é, mas, agora não por muitos, um lugar frequentado por romeiros a pagarem promessas. As palavras “romeiros e romaria”, talvez, sejam derivações da palavra Roma onde se centraliza a religião católica. Roma ria de algum excesso de alguns. Na praça principal da cidade o Edson me chamou à atenção para ver madeiras empilhadas em frente à entrada da igreja. Observando-as constatamos que eram enormes cruzes. Todas com dizeres inscritos, como, as cidades de suas procedências, dia e hora de suas partidas para Pirapora e etc. Lembro-me de duas das cidades: Tatuí e Piracicaba. Em outra parte onde é maior a extensão da igreja havia mais cruzes, estas, muito maiores, algumas com vinte ou mais metros de comprimento (Aqui não está havendo exagero na descrição). Claro que, entre pessoas nas mesmas intenções sempre temos as mais inteligentes. Uma das cruzes tinha fixo em seu pé duas rodinhas de pneu para facilitar seu transporte. Outra tinha no cruzamento dos caibros da cruz, um enorme travesseiro como apoio para evitar dores e calos nos ombros. Diante disso me escapou uma reação dita ao Edson: Assim não vale pô! Está parecendo um “engana santo”. Segundo consta, aquele que de fato foi forçado a carregar a cruz, nenhuma facilidade ele teve e, também, foi chicoteado. Isso ao ser revivido deve ter sido esquecido. Embora não dados a tais sacrifícios, Caieiras também teve seus romeiros para Pirapora por caminhada, de bicicleta ou cavalgada. Em dias de semana Pirapora do Bom Jesus é uma cidadezinha quase deserta, local propício para quem busca uma boa descontração. O “bate-papo” com os poucos de lá que mantém seus comércios abertos é agradável. Muitas pessoas jamais iriam a um local como esse por considerá-lo monótono, incompatível com suas viciadas vidas agitadas. E assim, terminando esta narrativa, o passeio descontraído até foi adocicado com os de lá, doces caseiros.

Altino Olympio