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29/10/2008
Caieiras Antiga Morrendo

O tempo vai, o tempo vem e nesse vai e vem dos de Caieiras não vai sobrar ninguém. Aquele lema dos Três Mosqueteiros “um por todos e todos por um” não se aplica quando a morte se replica e se diz: fulano morreu antes ele do que eu. Velório hoje é bom para um falatório, pois, é onde se encontra tempo distraindo-se do fingimento de qualquer sentimento para atender a encontros aleatórios e isso fica mais meritório num ambiente que é para outro expediente onde algum morto promoveu o comparecimento satisfatório. Caieiras para muitos tem sido como uma isca e por isso está perdendo sua característica. Como é de se esperar, a tradição sempre morre e isso não é pra se desesperar porque o progresso é uma ambição e contagia quem aqui more. Mas, nossa gente está morrendo e com ela vai parte de nosso agora e de nosso outrora, cuja convivência foi marcante numa mútua existência entre valores decentes que agora parecem história. Um a um vão fechando os olhos e, às vezes, só posteriormente ficamos sabendo que eles vão desaparecendo e só no pensamento por algum tempo os continuamos vendo. Depois de um tempo decorrido nem parece que tenham existido. Assim é a vida, ou melhor, assim é a morte e esta sim é a certeza de nossa sorte. Neste nosso pequeno lugar, as ausências dos que partem devemos lastimar porque com eles a amiga convivência cada vez mais vai se tornando dissolvência num se transformar em carência. Se a vida a ninguém que morre ela socorre seria bom pensar se tem importância o tudo que na vida nos ocorre. A fictícia “missão de cada um” a morte interrompe a qualquer momento parecendo dizer que ela é que é a missão de cada um. Por enquanto só uma coisa é certa: nós nascemos para morrer. A morte não usa calendário e nem relógio para marcar um dia ou uma hora para o nosso término. É nele, que, nossas impertinências se interrompem. Ainda bem! Temo-as demais sobre a vida e a morte. Voltando a nossa cidade, muita gente dela morreu e seus descendentes e outros não são facilidades para a mesma convivência amistosa que hoje é saudade. Os ainda remanescentes de um passado amistoso e com hoje nada comparado, acredita-se que, no viver se sintam isolados.

Altino Olympio