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O Céu, o Sol e o Lago... Que mais?

O maior lago de Caieiras tinha o nome de Tancão.

Era conseqüente de um córrego que vinha do Bairro do Monjolinho e que fora represado no Bairro da Cerâmica, nome “interessante” para uma fábrica dali que só produzia papel.

 

Tancão... se passou um tempão.
Valentes jovens virís a nadar,
Braçadas e mais braçadas,
Águas frescas e revolvidas,
Tudo no alegre refrescar,
De alegres moços a brincar.
Cabelos encharcados espalhados,
Filetes d’água escorriam
Do rosto pingando pelo queixo.
No agitar, pingos e respingos
A soltar no se misturar.

 

Valorosos moços a nadar
Com o sol a lhes observar,
Nos pingos e respingos
O sol brincava de brilhar

 

Ah! Aquele Tancão,
Daquele frescor que seduz
Não só alegria produz.
Jovens talentosos a nadar,
Braçadas pingos e respingos,
Lembrar dá vontade chorar.
O sol era o convite,
O Tancão era o palpite,
Mancomunados na traição,
O sol quente e o Tancão
Roubaram nosso João.
De valoroso era grande
Ele se chamava João Mandri.
Visto pela nossa gente
De trejeitos e andar diferente
Brincalhão, dócil era altivo
O João era muito comunicativo.
Ele era gente boa,
Ficou no tempo que voa,
Da água que não escoa,
Da lagoa que magoa.

 

Só se via alegria e folia
Até quando entardecia
E vinha a escuridão
Que silenciava o Tancão.
Alegres moços a nadar,
Belas tardes de domingo
E o sol brilhando no respingos.
Ausente daquelas braçadas,
Em águas não agitadas,
No Tancão da saudade
O céu de Caieiras se espelhava
Daquele nosso rincão
Nostalgia vive na emoção
Porque desde então
Tancão só é solidão


Altino Olimpio