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20/12/2002
O Dia em que enrosquei o saco

Fábrica de papel da Cia Melhoramentos lá pelos idos de 1955, um verão de matar, sorvete só na sorveteria do Alfredo Satrapa, bem no pé da subida para a ponte de madeira e o armazém.Para conseguir alguns trocados para deliciar-se com um sorvete de côco era um sacrifício, nessa época o Goliardo Olímpio já tentava ser mecânico e fazia alguns remendos no carro do Satrapa, claro que o Gouveia ajudava, daí às vezes saìa um sorvetinho gratuito, outras vezes o Ede patrocinava. Eu com meus quinze anos, imberbe e cheio de energia, gostava mesmo era de nadar pelado na piscina dos alemães, só à noite porque enquanto o guarda dormia a molecada fazia a festa, ou então o guarda não dormia coisa nenhuma e dava um tempo para acordar, a água fria refrescava tudo. Quando o guarda começava a tossir, era hora de sair rapidinho e pular a cerca, acontece que depois da tela tinha arame farpado e aí... num belo dia desses, fiquei enroscado... e o guarda chegando cada vez mais perto, apitando, (dando um tempo para a molecada fugir) a dor era forte e não dava para gritar, o desgraçado não soltava da ponta do arame farpado de jeito  nenhum, o guarda chegou e foi logo avisando: amanhã seu pai vai ser chamado no escritório, suprema punição para um funcionário da Melhoramentos e promessa de muita surra para o filho transgressor. Consegui a muito custo desenroscar o meu precioso saco e num  pulo sem direção, para qualquer lado, fugi feito louco, nada aconteceu e meu Pai não foi chamado no escritório, mas até hoje sinto a fincada.Obs. essa história não aconteceu comigo e sim com um primo. (mentira)

Edson Navarro