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Publicação feita em 1988
Gino Dartora- eleições 1988

Caieiras em seus vinte e cinco anos de emancipação político-administrativa viu nascer e morrer toda uma geração de políticos, entre eles apenas dois adquiriram extensa notoriedade e conseguiram de alguma forma deixar suas marcas, seja por atos praticados ou por suas fortes personalidades, são:

Gino Dártora, nascido em Caieiras, filho de imigrantes italianos, professor de urbanismo, engenheiro agrimensor, casado com dona Ruth C. Dártora.

Gino começou sua carreira política jovem, participou intensamente da emancipação de Caieiras, sendo mesmo um de seus grandes responsáveis. Primeiro prefeito eleito, marcou a administração com algumas obras há muito reclamadas pelo esquecido povo que por aqui morava. Orador inflamado, político matreiro, conseguiu eleger-se novamente em 1968, sendo cassado pela Câmara , que alegou acúmulo de funções públicas a outra função era o magistério no colégio técnico de Jundiaí. A cassação marcou definitivamente o político, provando depois de alguns anos que fora um erro amargo da Câmara. Voltou novamente ao poder em 1976, eleito pelo então MDB, com esmagadora votação popular, já que havia se transformado em "vítima", além da inegável vocação política que lhe garantiu também a maioria na Câmara.

Gino começou a governar com algumas idéias novas, que mais tarde mostrariam ser completamente inviáveis, pois o velho jargão político acabou prevalecendo, assim as novas obras proliferaram às dezenas, todas muito vistosas, embora a maioria delas ainda por concluir como os salões sociais, entre eles o "Canecão". Com a febre de mostrar construções , o restante da cidade ficou completamente esquecido e foi-se deteriorando. Nesse meio tempo foi perdendo paulativamente a maioria de vereadores que o apoiavam, fechando-se cada vez mais, e admitindo como auxiliares diretos somente aqueles que elogiassem todas as atitudes que tomava. Com a admissão de parentes para preencher cargos de confiança perdeu completamente o apoio político que ainda lhe restava, mas continuou governando como começara, sem ouvir ninguém.

Gino modificou tanto o código tributário municipal que funcionários da municipalidade quando o utilizavam sempre ressaltavam que ele valia só para aquele dia, pois pode vir nova modificação. A grande proliferação de loteamentos aconteceu em sua gestão, o que lhe valeu acusações do então vereador Nelson Manzanares, que dizia ter Gino interesse nos projetos de engenharia, já que era proprietário de uma empresa de projetos. Gino envolveu-se com todos os segmentos da comunidade, brigou com a igreja onde a título de urbanizar sua frente construiu uma praça obstruindo uma avenida, polêmico fez aprovar pela Câmara ampla legislação dando ao executivo poderes para mandar e desmandar. Com a Cia Melhoramentos seu relacionamento foi bastante tenso, desapropriando vastas áreas da empresa inclusive o campo de futebol do extinto Brasil F.C.. No governo itinerante de Paulo Maluf solicitou a abertura de acesso à Via Norte pela Calcárea dentro da Cia, o que se concretizado causaria enormes transtornos à fábrica, terminou "trocando" a desapropriação do clube pela do CAC (clube atlético Caieiras) que acabou não se realizando.

Também é de autoria de Gino a isenção de impostos predial e territorial, antes dessa isenção pura e simples houveram os incentivos para a urbanização, que davam direito de descontos no imposto, entre eles: o feitio de horta domiciliar, o plantio de árvore na calçada, a construção de muro e passeio, etc. Gino alegava que dessa forma promovia no Município  a melhoria da distribuição de renda, além de criar hábitos saudáveis aos moradores. Uma maneira interessante de incentivar, mas um tanto fora de época, já que a reação foi muito pior de que se esperava, os munícipes não faziam horta, não cuidavam da frente das residências, alguns plantavam árvores outros não , mas todos sem exceção se beneficiaram dos descontos,sem dúvida medidas para alguns anos à frente.

Gino deixou, entretanto, algumas obras importantes para a cidade, como a praça de entrada (emancipadores), conseguiu junto ao governo do Estado a conclusão do viaduto, construiu algumas creches e postos para atendimento médico, construiu centro poli-esportivo do bairro das Laranjeiras e uma infinidade de obras menores que permanecem inacabadas. Uma de suas realizações foi a Urcasa empresa municipal que agilizaria a administração municipal, direta, e como todas onerosa e vagarosa. A Urcasa nunca cumpriu seus objetivos e permanece até hoje como cabide de empregos.

Gino optou pelo PDS quando da extinção dos partidos políticos e permaneceu fiel ao governado Paulo Maluf até o fim de seu mandato, sua alegação era de que conseguiria recursos do governo estadual para Caieiras se passasse para o PDS, partido do governador. Certo ou errado trouxe algumas verbas para a cidade, mas essa mudança causou-lhe perdas políticas irreparáveis, como candidato a deputado estadual seu velho sonho, obteve pouco mais de 2000 votos em Caieiras o povo não perdoou pela troca de partido.
A estátua do Cristo no morro do cabelo branco teve a pretenção de transformar-se em marco de sua administração, Gino havia feito uma promessa de que a construiria caso ganhasse as eleições de 1976. A grande réplica do Cristo lá está, só que o terreno em que se apóia ainda não foi pago e corre o risco de ser devolvido ao proprietário, além é claro de ter pago promessa particular com o dinheiro do povo.

Gino Dártora, político da velha escola, amado e odiado com a mesma intensidade, candidato natural ao governo municipal em 1988, para tantos já se encontra em campanha, e segundo voz corrente tanto de amigos quanto de inimigos, volta à prefeitura tranquilo em 1988, pois o único concorrente que lhe faria frente vai ter o código canônico para enfrentar, e o desgaste por ter apoiado a atual administração, a qual não deu mostra até agora a que veio.


Edson Navarro