As manifestações de solidariedade e generosidade se intensificam nesta época do ano.Campanhas, coletas, doações tudo em função dos mais necessitados.Durante muitos anos presenciei em casa, doações e contribuições aos asilos,orfanatos e demais órgãos humanitários.Mesmo assim em algumas situações também desconfiei e duvidei de Ongs e instituições filantrópicas.Em nosso portão, mensalmente, batia um senhor idoso com um carnê de recibos recolhendo valores em favor dos deficientes visuais.Eu sempre questionei muito este fato.Sentia naquele homem um espécie de malandragem que aumentou quando, ele coletou, por duas vezes, uma quantia que deveria ser única no mês.Fiquei muito irada com a atitude dele .Mas estranhamente ele conseguiu justificar o “engano” e continuou comparecendo assiduamente para receber a importância.E sem provocar maiores desconfianças, continuou recebendo também de outros caieirenses.A explicação que recebi na época para a continuidade deste pagamento , foi de que devemos fazer o bem,ajudar o próximo seguindo sempre a vontade de nosso coração.Devemos colaborar quando nossa intuição nos conduzir a isto sem se preocupar demais com segundas intenções de quem quer que seja.Em casa foi sempre me ensinado que, o gesto de caridade tinha que se sobrepor a qualquer dúvida ou atitude desonesta .Deus ou a própria vida se encarregaria do resto desde que, cada um cumprisse a sua parte.Calcada nestes ensinamentos acabei deixando de lado os intermináveis questionamentos e parei de duvidar dos atos solidários.Principalmente quando partiam de pessoas boas, bem intencionadas e desprovidas de maldade.Hoje não só apoio como também colaboro quando sinto vontade e quando meu coração também manda.Não ignoro , nem finjo que desconheço a malandragem que existe por ai.Ainda desconfio de muita coisa e principalmente de falsas generosidades políticas e governamentais.Faço a minha parte e sinto que não dá mesmo para ignorar a dedicação e o trabalho de tanta gente boa.Gente que, de verdade, ajuda o próximo.Vejo jovens das mais diversas entidades religiosas, nestas semanas que antecedem o Natal,saindo às ruas, debaixo de chuva ou sol, batendo de porta em porta e recolhendo as doações.Vejo gente que esquece os problemas pessoais e oferece parte do seu tempo coletando,organizando ,distribuindo e proporcionando festas aos que visivelmente não sabem o que é isso.Vejo gente dotada de sentimentos humanitários verdadeiramente sinceros e vejo acima de tudo,gente transbordando amor e bondade e se doando aos mais carentes. Concluo então que, nesta hora, fazer o que o coração manda é um lenitivo emocional muito mais importante que decidir-se unicamente pela razão. Racionalidade,sinal de lucidez, é importante, mas nestes casos endurece nossos sentimentos,nos torna realistas demais.Por isso,mesmo acontecendo com mais intensidade no Natal, doar, dividir e compartilhar com o próximo são atitudes dignas de aplausos.Ainda mais neste no mundo materialista em que vivemos.Simbolizam, mais que qualquer outro ritual, a magnitude do Natal.Demonstram o verdadeiro espírito da solidariedade.Provam acima de tudo que, apesar da corrupção política do país e da desonestidade dos poderosos,ainda assim, existem pessoas boas,pacíficas,corretas e capazes de manifestar o verdadeiro sentimento de amor ao próximo.São estas pessoas, não os políticos, que fazem a diferença e que tornam a nação mais forte .São estas pessoas que, sem esperarem restituição ou pagamento dão o exemplo maior, dignificando, de verdade, a raça humana.
FATIMA CHIATI