Crônica: O tempo do próprio tempo

Alguns acontecimentos fizeram-me refletir à respeito de algumas atitudes passadas. Um telefonema, aproximadamente às 18:00, com uma notícia nem um pouco satisfatória, onde uma pessoa falecera... Mesmo que esta se encontrava distante de mim e pela forma a qual se deu voltei-me a 6 anos. Época esta onde nada me satisfazia, a não ser a companhia de algumas pessoas. No entanto, nunca me sentira encorajada para viver e, algumas das pessoas que me cercavam foram involuntariamente envolvidas nesta não razão de viver. Era tudo obscuro, triste e sombrio. A falta de uma pessoa amada e constantes desprazeres causados por coisas as quais foram criadas em minha mente contribuíram para tal. Como esta idéia surgiu torna-se complicado achar uma explicação cabível, mas creio se isso tivesse realmente acontecido, não teria me arrependido, também porque não estaria viva para arrepender-me. A vontade de estar diante de sua presença, pelo menos por mais alguns segundos, faziam-se confundir todos os meus pensamentos e achar que tudo girava em torno de interesses. Não desejar mais o sopro da vida, pensar que depois desta vida não haveria mais nada, que tudo se acabaria a partir do momento que morresse. Problemas, amores mal amados, mal vividos, decepções, não realizações, tristezas e saudades... Tudo isso foi pretexto para que não vivesse. Porém, minha mãe me esperou por 9 meses para desfrutar da alegria de aumentar a família, os amigos os quais tanto prezo, ficariam aqui, talvez tristes pelo fato de uma pessoa querida não estar mais entre eles. Eu mesma já estive nesta situação, em que amigos se foram, devido a uma fatalidade. Mesmo que fosse eu quem geraria tal fatalidade, não desejaria a ninguém nenhum dos sofrimentos pela ausência de pessoas queridas, como muitas vezes a própria vida já me fez submeter. Tudo tem seu tempo, mesmo que este se tarde. Deus sabe todas as coisas e a hora de todos. Então, por qual motivo haveria de contrariar as leis naturais da vida?

Paula Oliveira

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