02/03/2009
O sonho

O sonho que você contou para mim!

Um dia o tempo parou de repente e todo o sonho que o destino é nosso veio para fora, explodiu. Tudo começou na tradicional reunião dos políticos mais famosos e prestigiados de um rico estado, de um pobre país, em local, tempo e homens de fantasia.

A cidade escolhida não podia ser mais bonita, tudo em sonho é muito lindo, entre montanhas e um verde que pouco lembrava o país em chamas.


Os políticos iam chegando, mas como a cidade não parava, também havia um congresso de vendedores de uma grande empresa do país do faz de conta. Entre eles um velho empregado que aproveitando a facilidade do evento, levou o neto para aproveitar a “boquinha”.


O neto, um garoto esperto e atento para a realidade começou a indagar ao avô por que aqueles homens e mulheres, na maioria, andavam de cabeça baixa, e alguns eram bem altos. Um deles mesmo passava dos 1,90 mts e não justificava a atitude, ao seu ver.


O avô marcado pela sabedoria da vida tentou explicar ao neto, e coincidentemente atendia como vendedor em muitas províncias, cujos representantes ali estavam. Sabia uma a uma das histórias de vida de cada um, afinal eram quase 40 anos de vendas nas províncias, e começou:


“Aquele de paletó xadrez é da província de Santo Otavio e no xadrez é onde deveria estar, aquele de enormes bigodes governa a província pela quarta vez e tem o apelido de 10%”. E por aí foi o velho vendedor explicando ao neto um a um dos que conhecia, qual era o seu passado. Um fato, entretanto chamou a atenção em particular do menino. Um dos homens importantes presentes era baixinho e andava de cabeça erguida, embora tivesse chegado num velho carro, ao contrário dos demais que apresentavam lindos e novos automóveis com suas respectivas chapas brancas, sinônimo de propriedade do povo.


“Esse – disse o velho para o menino – é da província de São Nicolau, uma das únicas onde a honestidade e a justiça estão implantadas, portanto ele talvez seja um dos poucos que podem andar de cabeça erguida, embora esteja de cabelos brancos e ande de carro velho”.


O menino entre perplexo e surpreso disse ao avô: “Mas nem tudo está perdido, ele é velho e consegue ser bom e honesto”. E secretamente pensou: “Quero ser igual”.


Mas eis que vem a realidade e carregou o sonho pra lá, onde o tempo havia parado, num instante.



Edson Navarro

Leia outras matérias desta seção
 » À minha Mãe por ocasião do Natal
 » Racismo à brasileira
 » O salão nobre
 » Vivaldi Nani e o porre nos moleques
 » O dia em que enrosquei o saco
 » Passando pela Rua Tito
 » J.C. completa 2013 anos
 » O desabafo do J.C.
 » A mala cheia, do Alcaide
 » O negócio com Deus
 » Aninha moreninha
 » Nosso folclore
 » O tesoureiro
 » De que adianta ser filho da santa?
 » A super arma
 » O sonho
 » Teu rosto
 » O menino e o velho
 » 1968 O sonho não acabou
 » O dia em que o Padre Amaro Morreu
 » O dia em que o povo julgou o Juiz

Voltar