Os Jogos Olímpicos de Paris 2024, que começam oficialmente hoje, são os primeiros com paridade no número de participantes masculinos e femininos. Até o dia 11 de agosto, serão 5.250 atletas de cada gênero competindo. Na mesma Paris, em 1900, as mulheres eram apenas 22 entre os 997 atletas.

O argumento utilizado na época era de que as mulheres quase não praticavam esportes, mas o fato é que havia uma política sexual que defendia uma rígida segregação entre homens e mulheres. É o que nos conta aqui Olatz González Abrisketa, professora de Antropologia da Universidade do País Basco. Até hoje são muitas as limitações competitivas para as mulheres.

Durante anos vigoraram os testes de verificação de sexo; hoje são os testes de testosterona que mantêm muitas mulheres de origem africana fora da competição. Além disso, a França vetou a participação de atletas com véu em sua equipe olímpica, enquanto as jogadoras de diferentes modalidades continuam tendo que se rebelar contra a imposição de uniformes que as sexualizam.

Os Jogos de Paris pretendem ser também um exemplo do que os grandes eventos esportivos podem fazer para colaborar com a redução do impacto sobre o meio ambiente. A preocupação é óbvia. Em meio a uma forte onda de calor que assola a Europa, o mundo constata que as mudanças climáticas estão colocando em risco os atletas e os esportes que praticam. Esses riscos, inclusive, já levam pessoas a questionar se esses eventos deveriam ser realizados.

O professor de gestão esportiva e sustentabilidade Brian P. McCullough, da University of Michigan, que cunhou a expressão “ecologia esportiva”, é contra essa abordagem radical, pois entende que as Olimpíadas têm uma enorme capacidade didática de promover ações sustentáveis que podem influenciar o comportamento das pessoas e até mesmo aumentar sua defesa da sustentabilidade em suas comunidades de origem.

A grande festa do esporte olímpico está apenas começando. Bons Jogos e boa leitura!

Daniel Stycer

Editor-Chefe