O governo de São Paulo determinou nesta terça-feira (22) medidas de endurecimento da quarentena, com o aumento nas restrições de funcionamento de bens e serviços em todo Estado durante o Natal e o réveillon. De acordo com o anúncio, apenas serviços essenciais poderão funcionar nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1, 2 e 3 de janeiro.
Podem funcionar nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1, 2 e 3 de janeiro:
farmácias;
mercados;
padarias;
postos de combustíveis;
lavanderias;
meios de transporte coletivo, como ônibus, trens e metrô;
e hotéis, pousadas e outros serviços de hotelaria.
Não abrem nos dias 25, 26 e 27 de dezembro e 1, 2 e 3 de janeiro:
shoppings;
lojas;
concessionárias;
escritórios;
bares, restaurantes e lanchonetes (exceto para delivery);
academias;
salões de beleza;
cinemas, teatros e outros estabelecimentos culturais.
Nos outros dias, o estado todo, à exceção da região de Presidente Prudente, permanece na fase amarela da quarentena. Nesta fase, restaurantes podem funcionar até as 22h, com serviço de bebida alcóolica apenas até as 20h, e bares devem fechar as portas até as 20h. Com isso, nos dias 24 e 31 de dezembro, bares e restaurantes não poderão operar até a meia-noite em nenhuma região do Estado de SP.
A mudança só não será temporária para Presidente Prudente. Por conta do avanço nos casos e da falta de leitos de UTI, a região passa a ficar, até a próxima reclassificação, na fase vermelha, a mais restritiva do plano de flexibilização econômica.
O governo também anunciou que em janeiro nenhuma região vai para fase verde, a menos restritiva, e que a reclassificação do estado, que estava marcada para o próximo dia 4, foi adiada para o dia 7 de janeiro. As mudanças foram divulgadas pelos integrantes do Centro de Contingência da Covid-19, na sede do Instituto Butantan, na tarde desta terça-feira (22).
"Precisamos lembrar que não estamos em um momento de festas, nem de aglomerações. É nesses momentos que esse risco de descontrole da pandemia acontece, e o mundo inteiro agora está aplicando medidas específicas. São Paulo sempre se diferenciou do resto do Brasil por honrar o seu compromisso de tomar as decisões no momento necessário, e é isso que estamos fazendo agora", disse a secretária de desenvolvimento econômico, Patrícia Ellen.
"A primeira coisa é reclassificar a região de Presidente Prudente para a fase vermelha. Nós tivemos aqui um compromisso com vocês, de que, se em qualquer momento uma região passasse para fase vermelha, nós faríamos uma reclassificação extraordinária. E isso aconteceu de ontem para hoje, porque Presidente Prudente alcançou 83% de ocupação de leitos e, por isso, está passando para a fase vermelha."
O secretário-executivo do comitê, João Gabbardo, afirmou: "Essas medidas que nós estamos tomando são medidas duras. Nenhum de nós aqui gosta de tomar esse tipo de medida. Sabemos do sacrifício que todos estão fazendo, do sacrifício que setores da economia têm enfrentado nesse período. Mas nós temos que fazer uma opção, a opção pela segurança, a opção por não corrermos riscos".
Profissionais de saúde
De acordo com Gabbardo, o avanço no número de casos e o aumento da ocupação de leitos de UTI podem levar regiões a enfrentarem um colapso do sistema de saúde. Ainda de acordo com ele, o estado de São Paulo já enfrenta dificuldades para atender a atual demanda.
"Nós estamos em uma situação em que, se aumentar mais o número de casos, aumentar mais o número de internações, nós podemos começar a enfrentar o colapso no atendimento. Nós temos uma situação muito difícil no momento, que é a disponibilidade de profissionais, a disponibilidade de médicos, a disponibilidade de enfermeiros, de fisioterapeutas", descreveu o secretário-executivo.
"Muitos falam da abertura de leitos em hospitais de campanha. Talvez se nós aumentássemos ou criássemos um hospital de campanha, neste momento, nós teríamos muita dificuldade de conseguir os profissionais de cumprir com as escalas necessárias para o atendimento nesses novos leitos."
Aeroportos e comércio popular
Gabbardo considerou ser "inadmissível" a aglomeração na área de embarque de aeroportos paulistas, como as registradas nos últimos dias em Guarulhos e Congonhas.
"Não pode acontecer o que aconteceu ontem [segunda-feira, 21] no aeroporto de Guarulhos. Aquela é uma cena que é indescritível. Não tem como a gente explicar que a administração do aeroporto tenha deixado ocorrer o que aconteceu ontem no aeroporto de Guarulhos", disse.
"É inadmissível que as empresas aéreas, que foram as maiores prejudicadas nesse processo, não estão tendo o planejamento e o cuidado com o atendimento das pessoas que vão lá fazer check-in. Está faltando pessoal, está faltando o quê? Qual o problema? É um problema de planejamento. É inadmissível o que aconteceu ontem."
O secretário-executivo do comitê de saúde também criticou as lotações constantes nas ruas do Brás, no Centro de São Paulo.
"Esse comércio informal, que aqui em São Paulo, ocorre em várias regiões, deve ser evitado. Deve ser evitado pelas pessoas que buscam e deve ser evitado pelas pessoas que fornecem os produtos. Quem sabe pensaram em fazer um escalonamento: alguns desses vendedores vão no período da manhã, outros no período da tarde. Porque quem faz isso, se não tiver esse cuidado, mais adiante vai ter suspensão das suas atividades."
Ainda segundo Gabbardo, o crescimento do número de casos de Covid-19, provocado pelo desrespeito às regras sanitárias, poderá levar o governo a determinar medidas ainda mais restritivas, como o fechamento dos aeroportos.
"As pessoas devem pensar nisso, as companhias aéreas devem pensar nisso. Se elas não cuidarem agora e nós tivermos um recrudescimento muito elevado, o que vai acontecer é que os voos vão ser suspensos, os aeroportos vão ficar fechados – todos por falta de planejamento."
Aumento de casos
Nas últimas quatro semanas, São Paulo registrou aumento de 34% no número de mortes provocadas pelo coronavírus, segundo dados do governo estadual. No mesmo período, o número de casos cresceu 54% e as internações por Covid-19 subiram 13% em todo o estado.
Atualmente, todas as regiões de São Paulo estão na fase amarela do chamado Plano São Paulo, que permite a abertura de bares, restaurantes e comércio, embora com restrições de horário.
Até esta terça, o estado de São Paulo contabilizou mais de 45,3 mil mortes e 1,39 milhão de casos confirmados de Covid-19.
No dia 11 de dezembro, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que vai garantir a abertura de 2 mil novos leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) destinados para pacientes da Covid-19.