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12/05/2013
Minha Mãe

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    Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
    Tenho medo da vida, minha mãe.
    Canta a doce cantiga que cantavas
    Quando eu corria doido ao teu regaço
    Com medo dos fantasmas do telhado.
    Nina o meu sono cheio de inquietude
    Batendo de levinho no meu braço
    Que estou com muito medo, minha mãe.
    Repousa a luz amiga dos teus olhos
    Nos meus olhos sem luz e sem repouso
    Dize à dor que me espera eternamente
    Para ir embora.  Expulsa a angústia imensa
    Do meu ser que não quer e que não pode
    Dá-me um beijo na fonte dolorida
    Que ela arde de febre, minha mãe.

    Aninha-me em teu colo como outrora
    Dize-me bem baixo assim: — Filho, não temas
    Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
    Dorme. Os que de há muito te esperavam
    Cansados já se foram para longe.
    Perto de ti está tua mãezinha
    Teu irmão. que o estudo adormeceu
    Tuas irmãs pisando de levinho
    Para não despertar o sono teu.
    Dorme, meu filho, dorme no meu peito
    Sonha a felicidade. Velo eu

    Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
    Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
    Afugenta este espaço que me prende
    Afugenta o infinito que me chama
    Que eu estou com muito medo, minha mãe.

  Vinicius de Moraes



JAS