Tive um tio , irmão de meu pai , trabalhador braçal , Refugueiro de Hydrapulper em Maquinas de Papel .
Sempre de bem com a vida , era alegre e sempre fazia festa comigo qdo eu aparecia anualmente lá na casa dele , no interior .Eu sempre levava Queijo Gruyére para ele ( ele chamava de Queijo Suiço ) e eles se deliciavam comer aquilo com pão e café de Coador de Pano .
Salario miserável , aposentadoria miserável mas virou-se bem e vivia uma vidinha super simples , comendo cesta básica e Turbaina aos domingos junto com um franguinho e verduras do seu quintal .
Um dia , Tio Nino aposentou-se .
Meus primos se cotizaram e compraram uma casa simples num bairro classe baixa da cidade . Colocaram uma Antena Parabólica prá ele e ambos ficaram maravilhados com a qualidade da imagem .
Nova vida , novos vizinhos , logo fizeram amizades pois ambos estavam já com quase 80 anos .Meu tio plantava hortaliças , carpia terrenos , pintava cercas das casas vizinhas , limpava a rua das tiriricas e viviam até que bem .
Um dia , apareceu um pessoal bem apanhado , visitando , conhecendo , inspecionando as casa da rua onde eles moravam . Eram Cáftens , Proxenetas , Rufiões e compraram , á vista , a mais bonita casa da rua.
Montaram então uma “ Casa de Tolerança da Dadá” ; Dadá , velhota com carnes fartas , 500 000 km rodados , vazando óleo , pintada , esticada e moldada para o prazer carnal era a Cafetina do puteiro .
Toda a noite então , tinha festa na “ Casa de Tolerança “ . Freguesia chegando , carros parando em frente , musica alta , umas brigas de vez em qdo , furdunço armado e começou a perturbar as velhotas da rua .
Os colegas de meu tio , todos aposentados , uns bem e a maioria mal , começaram á entrar pelos fundos da casa pois daí não eram vistos por ninguém , faziam sua festa e saiam de heróis , ainda .
Um dia chamaram a Policia ; Pequena confusão , muita conversa e todos se conversaram amigavelmente e fizeram acordos do bom viver cristão .
Foi qdo uma velhota e seu filho pentelho , advogado , cheio de mágoa por não poder utilizar a casa do amor , chamaram o Jornal da cidade , Radio , Televisão regional , Igreja e armaram um circo total contra a Casa da Dadá .
Apareceu um repórter da TV regional Indios do Agreste e começou á entrevistar os moradores locais . Foi um show de reclamações , lamentos , críticas e cada morador deu sua opinião ( os homens disfarçavam bem pois freqüentavam veladamente o local ) e deu-se o grande epílogo : Foram entrevistar meu Tio Nino ......
A repórter perguntou a opinião dele sobre aquela pouca vergonha , aquela sacanagem , mau exemplo pras crianças locais , safadezas e proxenetagem á céu aberto e afins .
Meu Tio , dentro de sua humildade e sinceridade nata , respondeu á repórter :
- Eu acho bonito ver essas meninas jovens , alegres , bem vestidas com estas roupinhas curtas . Elas embelezam essa rua pois aqui só tem tribufus , banguelas , feias prá dedéu e mal humoradas ......Minha Tia Alice desmaiou .
A repórter , gargalhou e perguntou : - E daí Tiozinho , o senhor nunca foi visitar o local lá ????
- Quem me dera , minha filha , respondeu ele
.......ganho pouquinho que mal dá pra comer mas se eu tivesse uma aposentadoria um pouco melhor , eu queria viver lá , no bem bão , na luxúria , no prazer , apalpando as meninas bonitas que moram lá .
Tio Nino então , empolgado , apanhou o microfone da reporter e gritou :
- Viva as putas , viva a Dadá , viva o amor ; Um dia eu apareço aí..
A repórter , desmaiou !!!!!
Fred Assoni
ERRAMOS: Esta matéria foi publicada erroneamente como sendo o autor Flavio Assoni quando o autor é FRED ASSONI.