A primeira sessão do Legislativo caieirense de 1984, ocorrida na última terça-feira, foi uma das mais concorridas desde a posse dos atuais vereadores daquela Casa. Um dos principais motivos que fez com que a sessão fosse tão tumultuada foi o projeto de lei apresentado pelos vereadores Aparecido Correa de Campos, Afdóquia Chaib Ferreira Neves e Antonio Romero Pollon, projeto esse dando nova redação à Lei vigente, aprovada em dezembro último pela Câmara Municipal.
Este projeto pedia auxílio-condução aos estudantes em seu valor total e foi aprovado pela maioria dos vereadores.
Só que deverá receber o veto do prefeito municipal e precisará passar novamente pela Câmara, dependendo então de nove votos favoráveis, correspondentes a dois terços exigidos por lei.
O vereador Aparecido, quando discutia o projeto, referiu-se ao edil Daniel Donha, dizendo não entender como um representante do povo com votação expressiva, pode aceitar a liderança de uma forma imponente que lhe é imposta pela líder do PMDB, Wanda Matiazzo.
Ainda sobre o mesmo projeto, Aparecido disse que há vereadores que o rejeitaram por não quererem contribuir para com os estudantes, mas esses mesmos vereadores, segundo Aparecido, não falam nada sobre os 17 milhões de cruzeiros gastos em restaurantes com almoços e jantares em apenas um ano. Mais adiante Aparecido disse que os que votaram contra alegaram inconstitucionalidade no projeto e lembrava de tantos outros que não inconstitucionais, mas foram em desrespeito aos munícipes e nem por isso deixaram de ser aprovados por esses mesmos vereadores.
Dona Afdóquia, a representante feminina do PDS na Câmara Municipal, lembrou que o prefeito prometeu aos estudantes uma ajuda integral na condução quando os cofres públicos estivessem em melhores condições e estão agora em plenas condições já que os impostos começarão a serem brevemente arrecadados. Disse ainda Afdóquia que Caieiras é o município mais rico da região, com cerca de setenta industrias que recolhem suas taxas na Prefeitura.
Bem, sobre esse projeto o prefeito terá um prazo para se pronunciar e se mandar o veto, os estudantes ainda terão uma chance de readquirir seus direitos, bastando que consigam convencer 2/3 da Câmara a votarem contra o veto do Executivo. Tarefa árdua, mas não impossível!!!
Para o ex-vereador Carlos Gomes, “os estudantes, para conseguirem o objetivo, devem pressionar os vereadores, principalmente àqueles que se deixam levar pela liderança sem saber porque”.
Fato pitoresco aconteceu após a sessão, quando a vereadora Wanda disse aos estudantes que o vice-prefeito Fausto Jr., ali presente, representava o prefeito municipal e este, esquivando-se disse que lá estava por iniciativa própria a para dar seu apoio a classe estudantil, “classe essa a que dou muita importância por entender que esses jovens de hoje serão o orgulho de Caieiras amanhã”, finalizou.
Mas na sessão não foi somente discutido o projeto dos estudantes, vários requerimentos de informações foram apresentados, entre os quais destacamos o do vereador Antonio Romero Pollon que quer saber quantos profissionais liberais exercem funções na Prefeitura e seus respectivos salários. Como era esperado, foi rejeitado pelos vereadores que não querem informar a verdade ao povo sobre os acontecimentos na Administração Municipal.
Os outros requerimentos rejeitados foram: informação sobre reformas em veículos oficiais em oficinas particulares e informação sobre a viatura oficial utilizada pelo funcionário de nome Adolfo que vai almoçar em Franco da Rocha com o veículo da municipalidade.
O vereador José Lira Guedes, em seu requerimento a CETESB, deseja saber da veracidade ou não das denúncias de que produtos da Dow-Química, empresas situadas entre as divisas dos municípios de Caieiras e Franco da Rocha, estariam causando poluição em nosso ambiente. O requerimento foi levado a efeito, dado às denúncias de que essa empresa estaria fabricando um produto químico (agente-laranja), aqui em Franco da Rocha e em conseqüência disso, a poluição teria se agravado nos últimos dias.
Apoiando a iniciativa de Lira, os vereadores Macedo, Afdóquia e Pedro Graff que se mostraram preocupados com a fabricação pela Dow-Química de produtos altamente tóxicos. Dona Afdóquia aproveitou para dizer dos eucaliptos que estão morrendo às margens do rio e do cheiro desagradável nas proximidades da empresa. Para Pedro Graff, o município de Franco da Rocha, visando lucros exorbitantes, colocou em risco a saúde da população não só daquela cidade como a de Caieiras também, aprovando a instalação da empresa em sua área.