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15/05/1987
Ed. 311 - Os Marajás

Depois da maré alta vem a baixa e os ânimos vão se acalmando, mas fica uma interrogação no ar, por que acontece esse tipo de coisa em uma Cidade tão pequena? Talvez porque o individualismo grassa de ambos os lados, cada um defende seu interesse próprio quando está sendo pago para tratar do coletivo.

O que resta dessa troca de acusações de “Marajás” em Caieiras nada mais é que o reflexo de todo o país, onde poucos recebem e muitos sobrevivem de teimosos. Se analisarmos o caso específico de Caieiras, vamos verificar que os funcionários municipais que deviam ter uma remuneração adequada a sua sobrevivência, vivem a míngua enquanto chefes, contratados, etc, ganham muitíssimo bem. E os vereadores também não ficam fora, pois recebem em torno de Cz$14.000,00 por mês para comparecerem a apenas duas sessões na Câmara, que no máximo dura quatro horas.

O que falta em Caieiras e no resto do país é simples e há muito tempo todos estão cansados de saber, falta vergonha. Sem o exemplo e a moralização não é possível à credibilidade, senão vejamos, como acreditar nos representantes do povo se eles são os primeiros a “ajeitarem” a sua situação particular? Como acreditar em Deus se o seu representante aqui vive metido e política e adora um salário a mais? Como acreditar num prefeito eleito pelo voto se ele a muito se distanciou do povo? Como acreditar na autoridade constituída se as denúncias de corrupção se sucedem e nem chegam a ser desmentidas?

Muita coisa está errada, mas ainda podemos consertar, entretanto é necessário que cada um de nós se conscientize e passe agir em benefício da comunidade, não que seja imoral ou errado procurar seu progresso individual, muito pelo contrário, mas quando a comunidade é prejudicada por essa atitude, é bom parar para pensar.

Capistrano de Abreu disse certamente que a constituição brasileira deveria ter somente um artigo: Art.1 e único – Todo brasileiro é obrigado a ter vergonha na cara.

Jornal A Semana